Paula Rego em Serralves

 




“A Dança” (1988) 


Uma imagem com ar livre, dançarino, pessoa, desporto

Descrição gerada automaticamente

 



Mulheres poderosas e enigmáticas


A Dança é uma obra da artista portuguesa Paula Rego criada em 1988. A tela retrata diversas pessoas, principalmente mulheres de várias idades, a dançar ao luar à beira-mar. Os dançarinos são baixos e incorporados, com movimentos e trajes coloridos que remetem a tradições populares do século XX. A pintura transmite uma sensação de movimento e energia, apesar das figuras estarem congeladas num momento específico. As expressões faciais das mulheres são difíceis de interpretar, algumas parecem estar divertidas enquanto outras parecem estar em transe ou até mesmo angustiadas. A energia das figuras é intensa e emocionante, mas também há um certo desespero e melancolia que permeia a obra. A atmosfera geral é misteriosa e um pouco inquietante 

Há um forte contraste de cores e movimento entre o plano de fundo e o plano principal. O fundo é noturno, sombrio e inerte, com uma fortaleza sob uma montanha rochosa no meio do mar que transmite uma sensação de isolamento e encarceramento. A única fonte de luz presente é o brilho emitido pela lua, que rompe a escuridão e dá uma sensação de esperança. O plano principal é iluminado pela lua que torna o ambiente mais agradável e as cores vivas das roupas das mulheres transmitem também uma maior alegria como se removessem a tristeza e solidão do fundo da imagem. Apesar de ser uma imagem, o movimento e energia das personagens é facilmente visível e bastante contrastante com o fundo e transmite também uma maior alegria às danças. 

Na minha opinião, "A Dança" é uma reflexão poderosa sobre a condição feminina e a opressão que as mulheres enfrentam na sociedade, e representa o ciclo da vida feminina, da infância à maturidade sexual, maternidade e velhice. As mulheres retratadas são poderosas e enigmáticas, mas também parecem estar presas num mundo sombrio e desconfortável, é possível sentir a tensão e o desconforto presentes na cena. A pintura pode significar uma crítica social à opressão das mulheres na sociedade e, ao mesmo tempo, uma celebração da energia e da vitalidade feminina. A obra pode ser vista como uma metáfora   experiência feminina em que as mulheres são forçadas a apresentarem-se e a dançar de acordo com as expectativas e pressões sociais, mesmo quando essas expectativas são desconfortáveis ou indesejadas. É uma obra de arte impressionante e profundamente significativa que merece ser apreciada e refletida. 

Eu associo esta pintura à Valsa Danúbio Azul de Johann Strauss Jr. https://www.youtube.com/watch?v=c54kohXtbBQ na qual podemos ouvir um ambiente de dança alegre, leve e com energia, mas também misterioso, com momentos mais rápidos e felizes articulados com momentos mais lentos e pensados, sempre com uma sensação de esperança e força para aguentar os desafios que a vida nos possa propor. Sinto que se relaciona com o tema da obra “A Dança” e com os desafios que a sociedade impõe a estas mulheres representadas, bem como com a vitalidade, poder e energia que elas apresentam nestes desafios independentemente da idade. 


                                                                                    Pedro Bladh, março 2023 




Inquietação e tranquilidade numa roda de três gerações


Um fundo escuro, a lua, o mar, o rochedo, o forte, oito pessoas a dançar (dois casais, uma das senhoras parece estar grávida, numa roda três gerações: a avó, a mãe e a menina, e uma mulher sozinha...talvez viúva). Esta é a minha descrição da obra que escolhi, A Dança”, 1988, de Paula Rego.  

Maria Paula Figueiroa Rego, mais conhecida como Paula Rego nasceu em Lisboa a 26 de janeiro de 1935 e faleceu em Londres, recentemente, a 8 de junho de 2022. Foi uma pintora luso-britânica, condecorada pelo Governo português e pela Rainha Isabel II.  

Tive alguma dificuldade em escolher a obra sobre a qual falar pois, não me identifico com o espírito artístico da pintora. As suas obras, em geral, chocam-me pela sua dureza causando-me às vezes um pouco de repulsa, o que consequentemente me faz querer afastar. Para mim a arte, em geral, tem de incluir harmonia, beleza, história e leveza. Tanto a Paula Rego como a Cindy Sherman nas suas obras, não apresentam tais características. No entanto, Paula Rego, em algumas das suas obras, gostava de representar partes da sua infância e memórias para si importantes. Talvez esta obra tenha sido inspirada nos bailes da sua terra, no Estoril, daí a minha escolha ter caído sobre este quadro.  

É linda e talvez um pouco triste a forma como a artista ilumina as personagens com o luar, mas, no entanto, as suas expressões são neutras, ninguém expressa alegria ou euforia, o que estranhamente traz um pouco de tranquilidade à obra. Facilmente ficaria algum tempo a olhar para este quadro, a imaginar o som do mar a bater na areia e a perguntar-me o porquê da inexistência de expressividade no rosto das personagens Qual será o mistério por detrás desta minha escolha? O que é que aqui me atraiu?  O que me leva a outro estado, o de inquietação, tão contraditório com a tranquilidade simultaneamente despertada em mim, pela tela. 

O primeiro impulso, talvez fosse escolher uma música folclórica ou música de festa da aldeia, para propor como representativa de um estado de espírito concordante com a obra. Contudo, tudo o que imagino a tocar neste momento é uma valsa: The Slepping Beauty: Waltz”, de Tchaikovsky - https://www.youtube.com/watch?v=2Sb8WCPjPDs . Uma valsa que se inicia de forma estrondosa, e que no meu entender evoca a amargura da senhora sozinha, talvez viúva, e depois desenvolve-se com a leveza natural da valsa que condiz um pouco com o resto das personagens. Tem também um tom de brincadeira que acaba por refletir um espírito de criança (infantil, inocente, brincalhão...). No entanto, a dureza continua presente durante toda a valsa, o que contradiz a sua natureza, exatamente aquilo que sinto em relação à presença da mulher grande, sozinha e amargurada no quadro, mas também à presença de outros três elementos do mesmo: a escuridão, o rochedo e o forte, que contrastam com a leveza do luar, a iluminar a cena de dança, e as outras sete personagens. Mas continua em mim, a inquietação despertada pela ausência de expressão facial das personagens, apesar de o movimento dos corpos evidenciar alguma emoção.  


                                                                     

                                                                       Maria Miguel Pires, abril de 2023  





 A vida é uma dança interminável


         A Pintura de Paula Rego incomoda-me desde a primeira vez que a contemplei no Museu de Serralves. As suas representações femininas agarram a nossa atenção envolvendo o nosso pensamento num universo estranho e intenso. Quem são aquelas figuras? Com o tempo, a estranheza inicial transformou-se numa ligação mais familiar e numa proximidade mais íntima. Hoje, encontro na pintura de Paula Rego um sentido para interpretar alguns momentos que vou experienciando na minha própria vida. 

A Obra The Dance’ foi para a pintora um resumo das várias dimensões da sua existência. Ao contrário do peso e da angústia de muitos dos seus trabalhos, nesta ‘Dança’ existe uma certa alegria que não consegue anular a presença da mesma melancolia de sempre. Oito personagens dançam numa praia, ao luar. Podemos observar mulheres, homens e crianças que se movimentam com aparente felicidade sem pensar no peso da vida real, sem perceber a razão do que nos acontece todos os dias. Esta ‘Dança’ desenrola-se numa espécie de sonho que metaforicamente remete para a nossa ingenuidade acerca da nossa própria liberdade, ou ausência dela, que nos leva ao conformismo perante o facto de decidirmos muito pouco sobre aquilo que nos acontece. Resta-nos dançar agora sem pensar no que virá depois, alheios ao nosso próprio destino sem saber qual é o sentido da nossa vida. 

As figuras de Paula Rego parecem dançar ao sabor da música de Brahms. É isso que eu sinto quando observo ‘A Dança’ em cada uma das figuras que se movimentam sob o luar. A Dança Húngara nº 5 vai buscar às melodias folclóricas populares e à música cigana a sua dinâmica. Ao ver cada uma das figuras que Paula Rego nos apresenta nesta obra, ouço o tema de Brahms nas suas mudanças repentinas de tempo, lentas e rápidas. Neste ponto, quero referir que a contemplação da obra de Paula Rego ao som da Dança Húngara nº5 de Brahms - https://www.youtube.com/watch?v=IqXf-3H2vUM  - assume uma dimensão única que me permite atingir um sentido mais profundo da obra: a mulher grávida e a maternidade como definição do feminino; as mulheres sempre grandes e fortes, robustas e resistentes, cuidadoras e sofridas; a dança que acontece sob a lua, de noite, por entre nuvens; o mar calmo, sem ondas, sem força, como acontece antes e depois das tempestades; e a escarpa muito alta que anuncia o cair e a morte ou o voar e a liberdade. 

Entrar nesta ‘Dança’ é como entrar num sonho. Foi começado em Portugal e acabado em Londres. Paula Rego disse que “este era o quadro que ligaria tudo” e que deveria “estar pendurado sobre tudo o resto”. Ao observar a obra da pintora acompanhada pela música de Brahms, senti que a minha própria vida poderá vir a ser uma dança interminável. 



                                                                             Leonor Pais, março 2023 






"Mulher Cão" (1994)

 

 




A vulnerabilidade da condição humana

 

Ao escolher uma obra de arte para comentar, decidi-me pela artista portuguesa Paula Rego. A exposição que visitei apresentava uma série de pinturas e desenhos que remetiam a temas como a violência, o feminismo e a sexualidade. A obra que mais me chamou a atenção foi "Mulher Cão" (1994), um desenho em carvão e pastel sobre papel que retrata uma figura feminina com a cabeça de um cão.  

Ao observar esta obra, sinto uma mistura de sensações que vão desde a dúvida até a inquietude. A figura da mulher-cão é desconcertante e provoca uma reflexão profunda sobre a condição humana e a identidade feminina. A obra transmite uma mensagem forte sobre a animalização da mulher, mostrando a vulnerabilidade desta enquanto ser humano e animal ao mesmo tempo. 

         Para complementar a experiência desta obra, proponho a peça musical "Barcarola" de Vieuxtemps https://www.youtube.com/watch?v=QYADkMdp5jg. 

A música começa suave e melancólica, transmitindo a mesma sensação de vulnerabilidade e introspeção que sinto ao contemplar a obra de Paula Rego. À medida que a música avança, torna-se mais intensa, refletindo a complexidade da condição humana. 

Ao unir a obra de Paula Rego e a peça musical, consigo sentir uma harmonia entre ambas, pois ambas as obras transmitem uma forte mensagem sobre a condição humana, a vulnerabilidade e a reflexão sobre a existência. 

Resumindo, a obra de Paula Rego é uma fonte de inspiração e reflexão para mim. A sua arte é uma janela para a complexidade da condição humana, uma fonte de aprendizagem e de questionamento sobre a nossa identidade e papel na sociedade. 



Beatriz Carvalho, março 2023




Paula Rego e a Mulher Cão



Paula Rego (1935-2022) foi uma pintora luso-britânica e possivelmente a pintora mais conhecida e reconhecida em Portugal e fora de Portugal, para além de ser um grande ícone feminista. 

Rego estudou na Slade School of Fine Art e vivia e trabalhava em Londres.  O estilo de Rego evoluiu do abstrato para o representativo, onde refletia frequentemente sobre o feminismo e o papel da mulher na sociedade, colorido por temas folclóricos de Portugal. 

Em 1994, Rego foi inspirada por um conto de fadas português, escrito para a artista por uma amiga portuguesa que, por sua vez, tinha ouvido a história da sua empregada: uma senhora idosa vive sozinha com os seus animais de estimação, e um dia, ouve o vento na chaminé a assumir a voz de uma criança, que a encoraja a comer os seus animais de estimação um por um. Rego pediu à sua modelo Lila para ela se agachar e ser uma mulher de boca aberta, prestes a engolir algo". Assim nasceu a “Mulher Cão”, que iria inspirar a série “Mulheres Cão”. 

A mulher-cão não é a típica mulher. A típica mulher do século 20 e até 21 é calada, submissa, faz o que é certo para uma mulher fazer, limita-se a saber cozinhar, saber limpar, saber respeitar o marido e cuidar das crianças. Paula Rego desafiara este conceito com a mulher cão, mulher feroz e violenta, que come os próprios animais de estimação-- mulher louca, envenenada com um desejo de fazer o que quer, o que lhe vem à cabeça, o que ela sabe que pode. 

O conceito da mulher liberta, violenta e abertamente desagradável, deselegante, mas que mantém na mesma uma inegável feminidade. Estas características são incompatíveis segunda a nossa sociedade patriarcal, mas Rego desafia o conceito de mulher inteiramente cria a mulher simultaneamente submissa e ferozmente independente.  

Paula Rego assume a nossa natureza animal e bestial, e transforma-a numa feminidade poderosa: “As mulheres aprendem com aqueles com quem estão; são treinadas para fazer certas coisas, mas também são parte animal. Têm independência de corpo, independência de espírito e os seus gostos podem ser bastante grosseiros.” 

A arte de Paula Rego é muitas vezes criticada por ser agressiva, por ser desnecessariamente bruta e grosseira. A isto, Rego responde: “Come-se carne, come-se galinha, come-se peixe... As galinhas, os homens e as mulheres vão todos para a cama, ou não vão, beijam-se ou dão estaladas. Temos a mesma natureza, e aí há de tudo. Somos todos animais. Amamos e odiamos, não há diferenças. Eu só pinto isso. O mundo como ele é.” 

E é o aspeto sincero e cru da arte de Rego que chateia tanto, põe o dedo na ferida e esfrega. Talvez o mundo não está pronto para uma mulher verdadeiramente feroz e puramente má, talvez “As mulheres ainda são segunda classe. Mesmo com todas as conquistas que se fizeram e as facilidades da vida contemporânea.”, como Rego disse em 2016, mas eu creio que chegará um momento, para todas as mulheres cão do mundo, em que as parvas algemas da sociedade patriarcal se desfarão, e a mulher será inteiramente livre. 

Acho que a música ideal é “drunk walk home” da mitski: https://www.youtube.com/watch?v=_YTPuHVlGXY 

 



Miguel Araújo, março de 2023 

 





"A Cinta" (1995)

 

 PAULA REGO | PAULA REGO. O GRITO DA IMAGINAÇÃO | ARTECAPITAL.ART




As convenções sociais e o desconforto de vestir uma cinta


A obra A Cinta é uma obra de arte realizada na década de 1990 pela pintora portuguesa Paula Rego.  

A meu ver, esta pintura é bastante expressiva pois remete para o simbolismo da submissão da mulher face às convenções sociais que estão presentes na tela pelo desconforto expressado pela figura no momento de vestir uma cinta.  

No meu ponto de vista, esta obra não só aborda o importante assunto referido anteriormente, como também podemos contemplar a obra pelo cuidado dos materiais utilizados. Nesta pintura existe o recurso ao pastel óleo e também o recurso a modelos vivos, que introduzem na obra desta pintora um imediatismo do gesto e da expressividade plástica. Considero que as obras feitas a pastel óleo imprimem personalidade ao tema representado pois a versatilidade do material faz a pintura parecer realista.  

           Podemos apreciar também os pormenores da representação pictórica no panejamento (dobras da roupa) conseguidos através do material pastel de óleo e podemos entender a utilização das cores mais sombrias que se relacionam com o simbolismo e a temática que é obscura.  

Na minha opinião, a peça de música que mais se relaciona com esta obra de pintura é Lacrimosa de Wolfgang Amadeus Mozart, https://www.youtube.com/watch?v=k1-TrAvp_xs  - pelo motivo desta música expressar dramatismo e frustração. Ao ouvir esta música, podemos sentir a relação com esta pintura pois, tal como a tela, simboliza a opressão e o desconforto pelos tons sombrios utilizados, também a música expressa obscuridade pois foi composta quando Mozart se encontrava nos seus últimos momentos de vida, expressando tristeza e depressão. 


                                           

                                                     David Despujols, março 2023 

 




“WAR” (2003)


Uma imagem com texto

Descrição gerada automaticamente 

 



Retrato caricato e autêntico do grotesco da guerra


Esta pintura, realizada a pastel, apresenta uma transfiguração da dura realidade e do ambiente de terror que se faz sentir na guerra onde se destacam, desde logo, duas figuras femininas com cabeças de coelho e que usam vestidos. Uma destas encontra-se ensanguentada e em evidente sofrimento ao colo da outra. Ambas configuram, possivelmente, a situação de fuga e o desespero do cenário de guerra aí retratado. O facto de a pintora recorrer à representação de figuras animalescas e híbridas em vez de humanos, confere a estes o caráter animalesco presente na guerra para além de concorrer para a natureza grotesca da obra – e do próprio homem. 

A meu ver, Rego ilustra a desumanidade e os horrores inerentes à guerra: gravidezes por violação, através da cegonha com a pata por baixo do vestido da figura híbrida, em sofrimento; a mágoa dos que perdem entes queridos, visível na mulher que abraça a ave morta; a agressividade do terror que resulta numa criança desmembrada. O gato sentado exercita o seu olhar distante e descomprometido no que o envolve. A artista transmite também sensações de tristeza e opressão ao recorrer a cores escuras com pouco contraste, nomeadamente no espaço envolvente. As duas figuras femininas centrais recriam as mães que fogem, em contexto de guerra, com as suas filhas feridas ao colo. O recurso a estes animais de contos infantis torna a pintura inquietante, pois remete para a infância de cada um e, consequentemente, promove uma maior proximidade entre o que está representado e o observador. Penso que se as figuras fossem mulheres desconhecidas, a mensagem não seria tão pessoal. Em acréscimo, sendo os coelhos símbolo de fertilidade, representam o poder feminino, assim como a heroica mulher em traje de soldado, que simboliza a bravura e a coragem das mulheres que se inscrevem num plano social mais secundário.  

Na minha opinião, Paula Rego foi capaz de retratar de forma caricata e autêntica a cruel realidade da guerra bem como o sofrimento das vítimas e o caráter desumano do Homem, ao agir de forma irracional como os animais. Através da representação do absurdo, a pintora consegue representar bem a violência e a angústia, que tanto caracterizam os cenários de guerra, usando o imaginário que decorre de memórias da infância, o que confirma o lado monstruoso do homem. 

A esta obra de Paula Rego, associo a peça musical “Missa da Réquiem: Dies Irae” do compositor Giuseppe Verdi - https://www.youtube.com/watch?v=up0t2ZDfX7E - Devido ao facto de que a obra representa um ambiente de drama e guerra, vejo que seria mais associável a uma peça musical agressiva, de grande potência instrumental e capaz de transmitir o medo e a conflitualidade a tela representa. O próprio processo de inspiração da peça musical está relacionado com a obra  pictórica, pelo facto de ter sido composta em memória de Alessandro Manzoni, ou seja, composta por uma causa “negra”, assim como a pintura. O aterrorizante (e instantaneamente reconhecível) "Dies Irae", que introduz a sequência tradicional do rito fúnebre latino, é repetido por toda a parte, e nele Verdi usa ritmos vigorosos, melodias excecionais e contrastes dramáticos sendo, portanto, relacionável com a obra de Paula Rego. 



                                                                                                            Zahra Soares, março 2023