Abril, liberdades mil {3}

 

Valores: os meus e os teus...

Ser tolerante ou intolerante? 

Com que razões?



Na minha opinião, o subjetivismo oferece-nos as melhores razões contra a intolerância. O que torna o problema da natureza dos valores tão difícil de resolver, é o facto de os valores serem algo abstrato e não empírico. Não existem teorias certas ou erradas relativamente à natureza dos valores: apenas nos cabe a nós pensar e refletir sobre qual teoria mais plausível.

Para começar, o que é um valor? Um valor é um ideal/princípio, que inspira o modo como agimos e pensamos. Ora, o subjetivismo defende que todos os valores são subjetivos, sendo a sua verdade ou falsidade dependente da sensibilidade de cada sujeito. Para o subjetivismo, os juízos morais são verdadeiros para aqueles que os adotam/aceitam, e falsos para aqueles que os condenam/rejeitam.

Os defensores do subjetivismo defendem que esta perspectiva favorece a liberdade pessoal e que é a teoria mais tolerante quanto à individualidade de cada sujeito. Se eu acho que roubar é certo, e o meu vizinho acha que roubar é errado, aos olhos de um subjetivista, eu e o meu vizinho estamos ambos certos.

Esta teoria é, para mim, a mais tolerante porque, por exemplo, o relativismo cultural tolera apenas as escolhas maioritárias ou tradicionais de cada sociedade Ora, eu entendo que  o número de indivíduos que há no mundo é superior ao número de sociedades que há no mundo, logo, o subjetivismo abrange um “maior grau” de tolerância do que o relativismo cultural Por outro lado, acho que o objetivismo é o menos tolerante de todos, uma vez que apenas considera verdadeiros os valores que podem ser justificados com razões informadas e imparciais.

Definitivamente, simpatizo com o subjetivismo.

                                                                   Rodrigo Castro Alves, em fevereiro de 2024



Na minha opinião a perspectiva que nos oferece as melhores razões contra a intolerância é o relativismo cultural. E porquê?

No nosso planeta, há várias religiões e culturas, todas com costumes e práticas diferentes. Muitas vezes duas culturas ou religiões entram em conflito por não concordarem em certos valores que se revelam inconciliáveis. Eu penso que a solução para este impasse é escolhermos a perspectiva do relativismo cultural, pois acho que cada sociedade deve seguir os seus princípios e valores próprios e tradicionais. Muitas destas culturas existem há centenas de anos e os seus valores são apoiados por muitas pessoas, por isso, a luta para dissolver todas as culturas em uma só seria interminável.

Concluindo, eu acredito que se cada cultura viver bem com os seus princípios e valores sem interferir com as outras, a intolerância poderá diminuir.

                                                                      Carlos Ramos, em fevereiro de 2024



Na minha opinião, os objetivistas oferecem-nos as melhores razões contra a intolerância. Eu sou objetivista e acredito que os direitos humanos deviam ser respeitados sempre. No caso dos países em que praticam a MGF (Mutilação Genital Feminina), estão a violar o direito que as mulheres têm ao prazer.

Relativistas culturais e objetivistas entrariam em conflito ao falar neste tema, pois os relativistas culturais acreditam que o que acontece numa cultura diferente da nossa é com as pessoas dessa cultura e não devemos opinar, pois isso seria da nossa parte uma atitude etnocêntrica: a tentativa de impor como certos os nossos próprios valores. Mas, se repararmos, os objetivistas toleram o que acontece e o que as pessoas e as diversas comunidades escolhem fazer, mas até deixarem de ter em conta os direitos fundamentais do ser humano. E isso é desejável para todos!

Independentemente da cultura, todos os seres humanos deviam ser respeitados, no seu direito à vida, à integridade física, psicológica e moral, na sua liberdade de escolha e direito à autodeterminação.

                                                                  Angelina Lourenço, em fevereiro de 2024



Eu defendo a perspectiva objetivista pois acho que deve existir o certo e o errado.

Independentemente das diferentes culturas e tradições, existem direitos humanos básicos que não devem de ser violados, por isso considero totalmente errado certas ações que determinadas culturas e tradições seguem.

Na minha opinião, a única perspectiva correta é a objetivista pois comparando-a às perspectivas relativista cultural e subjetivista, (que dizem, respetivamente, que cada sociedade e que cada individuo tem a sua verdade moral), é a que faz mais sentido. E porquê? Porque se cada indivíduo estiver certo ou se cada cultura estiver certa e não ousarmos avaliar essas escolhas pessoais ou essas tradições culturais, vão existir ações nitidamente erradas que vão ser toleradas. Para o objetivismo não é assim, existem algumas verdades morais que são universais e que devem ser invioláveis: as que coincidem com os direitos fundamentais do ser humano.

                                                                         Diogo Marinho, em fevereiro de 2024

 

  

Na minha opinião, o subjetivismo é o único ponto de vista sobre os valores que está completamente errado. Acho que se todos fôssemos subjetivistas poderíamos fazer o que nos apetecesse, ou seja, se eu quisesse iniciar um tiroteio na minha escola, de acordo com o subjetivismo, eu poderia, porque todas as pessoas têm os seus próprios valores morais e são os criadores dos mesmos, e, se na minha opinião está certo iniciar um tiroteio na minha escola, então eu posso. Isso, obviamente, é errado, e até por isso é que existem leis.

Quanto ao relativismo cultural, realmente acho que cada cultura tem os seus valores e tradições, mas essas tradições não podem chegar a casos extremos, como a mutilação ou até mesmo o facto de não deixarem as mulheres terem acesso ao ensino. Acho que, apesar de cada um ter a sua cultura, há valores que devem ser comuns a toda a população mundial, como, por exemplo, a integridade física, a liberdade de escolha e o acesso ao ensino.

Resumindo, das três interpretações sobre os valores que orientam as ações humanas identifico-me mais com o objetivismo. Acho que cada cultura tem de ter as suas tradições e valores, mas com limites. Uma cultura não pode mutilar crianças indefesas, ameaçando assim a sua integridade física, emocional e moral, apenas porque acham que está certo de acordo com as tradições de uma comunidade ou com os mandamentos de uma religião ancestral.

                                                                    Gonçalo Ferreira, em fevereiro de 2024 



Um valor é a base de um juízo de valor; é no que este se baseia. Por exemplo, neste juízo de valor: “Numa relação, o mais importante é ser fiel”, o valor que está aqui pressuposto é a fidelidade. Nem toda a gente concorda com os mesmos valores, devido à sua cultura ou aos seus sentimentos e experiências de vida. Mas, na minha opinião, há temas sensíveis que têm de ser respeitados universalmente.

Eu concordo com a teoria objetivista, pois esta respeita as vontades individuais e as tradições culturais, mas, em certos assuntos propõe medidas universais que todos temos de respeitar. Por exemplo, se o meu vizinho usa roupas diferentes das minhas, está tudo bem, mas, se ele faz mutilação genital às filhas, eu tenho de intervir; não de forma intolerante ou mal-educada, mas a tentar dar o meu ponto de vista e fazê-lo ver o outro lado da situação. Os objetivistas não baseiam as próprias opiniões nos seus sentimentos ou crenças, mas sim em dados científicos provados, debates e argumentos racionais e imparciais. Por exemplo, na tradição cultural, praticada em algumas comunidades, hoje espalhadas pelo mundo, da mutilação genital das meninas, os objetivistas não concordam porque está provado cientificamente que fazer isso traz vários prejuízos às meninas e que estas provavelmente sofrerão ao longo da vida por causa disso.

Por isso, eu concordo que alguns valores devem ser universais e baseados em boas razões, não apenas em meros sentimentos pessoais, ou em tradições antiquíssimas. A declaração universal dos direitos do homem propõe esses valores objetivos, todos eles baseados em boas razões.

                                                          Clara Coelho Costa, em fevereiro de 2024



Quanto ao problema da intolerância e do respeito pelas diferenças, o objetivismo é a teoria que melhor nos remete à reflexão sobre o assunto.

O subjetivismo e o relativismo cultural defendem, respetivamente, que os juízos de valor morais são subjetivos e culturalmente relativos e afirmam prezar a tolerância devido a respeitarem preferências pessoais e socioculturais, respetivamente. Desta forma, num caso apresentado, não existiria debate, pois a posição subjetivista argumentaria dizendo que, mesmo discordando, tem de respeitar a minha opinião pois os juízos morais são todos subjetivos e um relativista diria que mesmo não concordando, teria de respeitar o valor com o qual eu cresci na minha comunidade cultural. Assim, não são debatidos valores nem oferecidas razões a favor da tolerância.

Por outro lado, um objetivista, defendendo que alguns juízos de valor morais são objetivos, afirmaria que a intolerância é errada e argumentaria com razões informadas e imparciais, baseadas nos direitos humanos. Por exemplo: “É intolerável a diminuição do salário de alguém apenas por ser de outra etnia porque, de acordo com os direitos humanos, todos os homens e mulheres com o mesmo cargo devem receber o mesmo”. Desta forma, a perspectiva objetivista apresenta boas razões e oferece uma melhor argumentação contra a intolerância.

                                                         Mariana Almeida, em fevereiro de 2024



Na minha opinião, a perspectiva objetivista é a que oferece melhores razões contra a intolerância. Esta defende que alguns juízos de valor são objetivos, ao contrário do subjetivismo e do relativismo cultural, que defendem que todos os juízos de valor são subjetivos ou relativos, respetivamente.

Por exemplo, muitas pessoas usam preto, em sinal de luto, quando um familiar ou amigo falece. Um objetivista não vai considerar que alguém que não usa preto com o falecimento de um familiar ou amigo está errado, pois compreende que essa pessoa pode ter uma cultura diferente em que não se usa preto nessas situações, ou que pode apenas não ter sido assim tão próxima da pessoa que faleceu. Neste caso, um objetivista não vai dizer que não usar preto é uma ação errada. No entanto, quando falamos de questões como o racismo ou a xenofobia, um objetivista é capaz de dizer que são comportamentos errados, pois violam direitos humanos.

Esta perspectiva é bastante eficaz no que toca à tolerância na sociedade, pois permite-nos ter debates interculturais, nos quais, se houver dois pontos de vista opostos, um é considerado objetivamente correta e o outro objetivamente errada.

O objetivismo resulta muito bem socialmente pois defende que têm de ser apresentadas boas razões, ou seja, razões cientificamente informadas e também imparciais, para defender que determinados valores são ou justos ou injustos. Este recurso à justificação racional dos valores é uma arma do objetivismo contra a manipulação e a exploração de quem detém mais poder nas sociedades.

Para concluir, considero o objetivismo a perspectiva com melhores razões contra a intolerância na sociedade e contra a intolerância entre comunidades.

                                         Marta Moreira Sousa, em fevereiro de 2024 



Somos livres !!!

Ou não será isso uma ilusão bonita ???

Como justificar ...



Os filósofos deparam-se várias vezes com o problema do livre-arbítrio: Será que temos liberdade ou esta é uma mera ilusão?

Eu defendo o determinismo radical pois, na minha opinião, tudo está determinado por causas anteriores e exteriores à minha vontade, quando decido o que escolher. Logo, o livre arbítrio é uma ilusão e a responsabilidade moral não existe.

Por exemplo, o jogo de futebol que eu tive no sábado correu-me mal; o jogo correu-me mal porque não fui ao último treino e não ouvi as táticas estabelecidas pelo treinador; não fui ao treino porque fiquei em casa a estudar filosofia. Este é um pequeno exemplo em que se vê como cada acontecimento foi criado pelo anterior.

Mas será que fui livre em escolher faltar ao treino para estudar filosofia? Não. Como tinha teste no dia seguinte e não tinha estudado anteriormente, já estava determinado que ia ficar em casa a estudar filosofia em vez de ir ao treino.

E é assim que eu próprio me ofereço como um caso prático da teoria relativa ao problema do livre-arbítrio, que subscrevo: o determinismo radical.

                                                                                         Carlos Ramos em março de 2024



Será que as nossas escolhas dependem de nós ou de fatores anteriores e externos ao ato da escolha? Por outras palavras: as nossas escolhas são livres ou são determinadas?

Eu sou determinista radical e defendo que as minhas decisões são sempre determinadas e influenciadas por causas naturais passadas anteriormente. Acho que não existe livre-arbítrio e que as nossas decisões são determinadas e é impossível que não haja uma causa para cada decisão.

Os libertistas e os deterministas moderados acreditam que é a nossa própria vontade que pode decidir e tomar partido por algo. No entanto, não se apercebem de que certas causas passadas influenciam sempre as nossas decisões futuras e que é por isso, por não termos consciência dessas causas passadas, que nos julgamos livres.

Por exemplo, eu vou a um supermercado e não sei se compro um chocolate ou uma maçã. Sem me aperceber, escolho o chocolate porque estou com uma carência de açúcar. Esta escolha não foi livre, porque foi uma causa, neste caso a minha falta de açúcar no organismo, que me levou à decisão de comprar o chocolate, visto que este é mais rico em açúcar do que a maçã. Logo, neste episódio do meu dia a dia, foi um determinismo biológico que “escolheu” por mim.


Joana Oliveira em março de 2024



Desde sempre o ser humano tentou encontrar uma resposta ao livre-arbítrio com o intuito de explicar o sentido da existência humana em toda a sua (aparente) imprevisibilidade.

Pessoalmente, não concordo com a existência do livre-arbítrio, pois acredito no determinismo radical e, como tal, acredito que a imprevisibilidade da existência humana é apenas aparente.

O determinismo radical é uma teoria que sugere que todos os eventos e ações no universo são determinados por causas anteriores e que o livre-arbítrio é apenas uma ilusão, e embora essa ideia possa parecer perturbadora, uma análise mais profunda revela que o determinismo radical oferece uma visão perspicaz do mundo em que vivemos.

Em primeiro lugar, esta perspectiva reconhece a complexidade e interconexão de todos os fenómenos no universo: tudo é causado por leis naturais (física, químicas, biológicas, psicológicas, sociais) o que nos permite compreender e prever melhor as futuras ações dos seres humanos.

Faz sentido que, ao tudo estar conectado, tudo o que nós fazemos foi determinado por uma causa ou biológica, ou psicológica, ou sociocultural. Por isso é fácil acreditar que, com tantos acontecimentos antecedentes a influenciarem a ação, era inevitável que essa mesma ação acontecesse. Por exemplo, se hoje o Ari prefere comer uma lasanha ao invés de comer uma salada, é porque estava determinado a isso, seja porque estava com falta de hidratos de carbono, seja porque a mãe dele sempre lhe deu lasanha e a lasanha faz-lhe lembrar a mãe, criando uma sensação nostálgica ao Ari.

Em suma, o determinismo radical é a teoria mais lógica, científica e a que justifica melhor a presença (neste caso a inexistência) do livre-arbítrio.


                                                                 Rita Rodrigues, em março de 2024



O problema apresentado é um questionamento sobre se a liberdade é possível ou se, pelo contrário, é uma ilusão em que todos vivemos.

Pela posição que defendo sou uma Libertista, pois acredito que todos somos livres nas nossas escolhas e ações.

Defendo que, se não fossemos livres, o mundo, ou melhor dizendo, o ser humano não evoluiria. É que, afinal, se as nossas escolhas não fossem livres não poderíamos ser responsáveis por elas e, como tal, não deveríamos arcar com as suas consequências. Logo, não existiria evolução, uma vez que o ser humano evolui através das suas experiências e da sua consciência da responsabilidade; sem livre-arbítrio, então, estaríamos estagnados no início do desenvolvimento da humanidade.

Para além disso, se tudo estivesse determinado seria possível prevermos  os acontecimentos que vão delineando o percurso da nossa existência, mas isso não é possível porque o ser humano é imprevisível, nas suas decisões e escolhas. e, consequentemente, na forma como vai construindo o seu futuro.

Matilde Ponte em março de 2024



Apesar de sermos moldados pela hereditariedade e pelo ambiente, há ações que presenciamos e/ou desencadeamos diariamente que nos fazem ter uma perceção diferente sobre a tese dos Deterministas radicais de “o livre-arbítrio ser uma ilusão e que, na verdade, as nossas ações são influenciadas por causas anteriores”.

Eu sou a favor da tese do Libertismo.

O Libertismo é uma teoria incompatibilista, ou seja, acredita que uma ação humana ou é determinada (por causas anteriores) ou é livre.

Ora vejamos o seguinte caso prático: Hoje em dia, há pessoas que fazem jejum intermitente para lutar por causas que apoiam, como a igualdade social e racial. Muitas destas pessoas acabam por falecer com falta de nutrientes necessários para a sobrevivência do Homem. Este exemplo é um bom contra-argumento ou objeção à tese determinista radical de que “o livre-arbítrio é uma ilusão”, pois segundo as leis da natureza é necessário comer, beber água e dormir para a sobrevivência do Ser Humano. Ora, estes protestantes tomam esta decisão livremente, pois sabem das consequências que a falta de nutrientes vai ter neles e, apesar disso, tomam a decisão de ficar em jejum intermitente sem, no entanto, terem sido coagidos para lutar pelos seus direitos e crenças. E é isto que faz com que esta ação seja livre.

 Assim sendo, a tese do Libertismo está correta e pode haver ações livres e podemos concluir, então, que a tese “O livre-arbítrio é uma ilusão” é falsa.


                                                                 Clara Coelho Costa, em março de 2024



O caminho que traçamos tem como base as escolhas que fazemos, mas também tem base na nossa hereditariedade e no ambiente que nos rodeia. Ora, se somos moldados pela hereditariedade e pelo ambiente, será que temos mesmo livre-arbítrio? Será este apenas uma ilusão?

Na minha opinião, nós temos livre-arbítrio. Eu, pessoalmente, defendo o libertismo. O libertismo é uma teoria filosófica que visa explicar o modo como o ser humano age. Defende que uma ação ou é determinada (por causas anteriores e/ou por fatores externos) ou é livre (se o autor da ação, entre duas ou mais coisas, escolheu uma, na consciência de que podia ter escolhido uma das outras). O libertismo é uma perspectiva incompatibilista, já que considera que uma ação não pode ser, simultaneamente, livre e determinada.

Parece-me implausível não defender o livre-arbítrio, caso contrário, sentimentos como o arrependimento seriam descabidos: se nos arrependemos de algo é porque tomámos consciência de que poderíamos ter agido de outro modo (ou mesmo não ter realizado a ação que realizámos). Se nos arrependemos de algo, estamos implicitamente a admitir que existe livre-arbítrio, já que realizámos uma determinada ação, na consciência que podíamos ter agido de um modo diferente. A este argumento, os libertistas dão o nome de argumento da responsabilidade.

Outro argumento que dá força à tese libertista é o argumento da experiência: todos os dias temos contato com o livre-arbítrio. Constantemente fazemos escolhas na consciência de que podíamos ter feito uma escolha diferente, ou até mesmo não ter feito escolha nenhuma. Por exemplo, fui almoçar à cantina ao meio-dia e cinquenta; porém podia ter ido almoçar à cantina ao meio-dia e meia (já aqui a cantina abre essa hora), podia ter ido almoçar à cantina à uma e um quarto da tarde, ou podia nem ter ido almoçar à cantina (e ter ido almoçar com os meus amigos). Perante infinitas possibilidades, escolhi ir à cantina ao meio-dia e cinquenta, sabendo que podia ter agido de outro modo.

Concluindo, algumas ações são livres e, como tal, não são determinadas.

 

                                                                     Rodrigo Alves, em março de 2024



Será que dispomos de razões para acreditar que temos libre-arbítrio?

O debate sobre o livre-arbítrio é uma questão filosófica complexa que persistiu ao longo da história da da filosofia. O libertismo (teoria filosófica) defende a liberdade individual como valor supremo e enfrenta esse debate de frente.

No problema apresentado, é-nos dito que somos constantemente influenciados pelas características e valores que herdamos dos nossos antepassados e até mesmo pelo ambiente em que nascemos e vivemos. A questão presente no problema é se, apesar destes condicionamentos continuamos a ter razões para acreditar que temos livre-arbítrio.

Na minha opinião, como libertista, temos sim razões para acreditar que possuímos livre-arbítrio, e que, mesmo se este não existisse, devíamos procurar a liberdade individual como um ideal moral. Isto porque, mesmo se as nossas escolhas fossem determinadas por uma série de fatores, ainda teríamos a capacidade de agir de acordo com os nossos próprios desejos e valores dentro das circunstâncias em que nos encontramos.

Além disso, o libertismo sustenta que a liberdade individual é essencial para a realização da autonomia e da dignidade humanas por permitir que as pessoas ajam de acordo com a sua própria vontade criando, pelas escolhas que fazem e pelas ações que desencadeiam, o percurso da sua própria existência.

Por exemplo, somos livres de escolher que perspetiva sobre o livre-arbítrio defender, de acordo com as nossas crenças, os nossos valores e a nossa reflexão sobre este problema e não somos obrigados a defender nenhuma das outras perspetivas. Ou até outro exemplo: temos a liberdade de escolher entre cometer ou não uma ação considerada crime, e se escolhermos o crime, devemos ser castigados e assumir a responsabilidade por essa nossa ação, já que não fomos obrigados a cometê-la por nenhum fator que não controlamos.

Em suma, defendo que devemos acreditar que possuímos livre-arbítrio, que podemos agir de acordo com os nossos próprios desejos e valores dentro das circunstâncias em que nos encontramos.

                                                                   Marta Moreira Sousa, em março de 2024