Uma introdução à comunidade LGBTQ+
Para muitos pode parecer um bicho de
sete cabeças compreender esta comunidade: as siglas, os termos corretos ou
quais são os maiores desafios da comunidade nos dias de hoje. Por isso, passo a
fazer uma pequena explicação destas questões.
Para começar,
esclareçamos a sigla… o que é isto do L, G,
B, T, Q, I, A,..?
É também importante distinguir a
diferença entre sexo e género. Sexo
é biológico, refere-se apenas a características físicas e pouco diz sobre cada
indivíduo. Género é uma construção
social e cada indivíduo identifica qual é o seu. É importante lembrar que
nenhum deles é binário, ou seja, nenhum deles se exprime, apenas, na
alternativa masculino / feminino.
·
Lésbica – mulher que
sente atração afetiva/sexual pelo mesmo género
·
Gay
– homem que sente atração
afetiva/sexual pelo mesmo género
·
Bissexual
– homem ou
mulher que sente atração
afetiva/sexual tanto pelo género feminino como
pelo masculino
· Transgénero
– alguém que não se identifica com o
género que lhe foi designado à
nascença. (poroposição a Cisgénero que é alguém que se identifica com o
género que lhe é designado à nascença).
·
Queer
– termo geral para alguém que não se
identifica como heterossexual ou cisgénero. É um termo muito associado à
desconstrução do binarismo do género, apoiando pessoas que se sintam no espetro
entre masculino e feminino, por exemplo, pessoas não-binárias, com género
fluído.
·
Intersexo
– alguém que nasce com características
sexuais fora das noções típicas do sexo feminino e do sexo masculino.
·
Assexual
– alguém que não sente atração sexual,
total ou parcial por nenhum género.
Desafios da comunidade LGBTQ+
nos dias de hoje?
De acordo com dados de 2020 da ILGA (International
Lesbian and Gay Association), em 70
países é ilegal ser homossexual e em 11 deles existe ainda pena de morte para
o que é legalmente encarado como “crime”. Para além disso, o casamento e/ou a
união civil entre pessoas do mesmo sexo ainda não é reconhecida em muitos
países.
Num estudo feito pela ILGA Portugal
foram registados, em Portugal, em 2019, 89 crimes e incidentes,
entre eles violência física extrema, discurso de ódio, violência doméstica,
entre outros, contra pessoas LGBTQ+.
Um dos maiores desafios é enfrentado
por pessoas trans que muitas vezes não veem a sua identidade respeitada
tanto socialmente como também, por exemplo, em unidades de saúde. Muitos
profissionais de saúde não estão preparados para lidar com pacientes trans. Por
exemplo, durante o processo de vacinação em Portugal surgiram diversos relatos
desta realidade devido a vacinas que eram mais aconselhadas a um sexo ou outro
e algumas pessoas trans que estavam no meio do processo de transição não sabiam
qual vacina tomar.
É uma realidade que o género não-binário, até ao momento, é legalmente
reconhecido apenas em 10 países.
Se valorizamos a defesa do direito à
autodeterminação da nossa identidade pessoal, então estas quatro situações de
facto são desafios que, cultural e politicamente, devemos tentar ultrapassar.
É por todas estas razões que é
necessário haver marchas do orgulho LGBT+, palestras nas escolas sobre o
assunto, e, principalmente, um diálogo constante sobre todas estas questões.
Ainda há um longo caminho pela frente até a comunidade LGBTQ+ conseguir os seus
direitos básicos, a nível mundial, e até lá é preciso continuar a normalizar as
diferentes identidades e formas de amor. Acima de tudo é necessário
respeitarmos todos os indivíduos, mesmo que não os compreendamos, procurando
lutar contra a falta de informação e o preconceito.
Concluo lembrando a natureza tanto da
liberdade como da democracia: tolerância
com tudo menos com a intolerância.
Catarina Moniz, novembro de 2021
Colaboradora, em Bruxelas, da Pauta d’Opiniões
Fontes:
https://ilga-portugal.pt/denunciar-a-discriminacao/observatorio-da-discriminacao/